Hoje finalmente começou a primavera e o clima já está muito diferente do que quando cheguei.
Um calorzinho gostoso domina todo o dia e o Sol brilha com força. O guarda roupa de todo mundo mudou radicalmente, parece que todas as mulheres só tem ou sobretudo com cachecol ou blusinhas decotadas.
A paisagem também está mais alegre. As cerejeiras das praças e parques (e são muitas) estão todas em flor, o que é um cenário muito diferente do que a gente está acostumado aí no Brasil.
Além disso tudo, hoje aconteceu algo realmente diferente. No primeiro dia da primavera, tradicionalmente as escolas não tem aula e os estudantes vão para as ruas e praças para curtir o dia. É como se fosse uma homenagem ao fim do inverno. Havia uma multidão de adolescentes em todas as ruas e principalmente nas praças da cidade. Em Puerto Madero parecia uma invasão teen.
Isso é legal como forma de manifestação cultural e me parece um costume bem europeu. Há até uma piadinha de que a metade das estudantes engravida neste dia e de fato há um aumento significativo na quantidade de nascimentos em junho. Há de se pesquisar com mais profundidade..rsrsrs
Bem, como bom fotógrafo, venho esperado por esta estação ansiosamente e acho que minhas previsões de que Buenos Aires é realmente muito bonita na primavera irão se confirmar.
Espero poder publicar algumas boas imagens e relatar bons casos nos próximos meses.
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011
sábado, 10 de setembro de 2011
Mendoza
Mendoza é a capital e a maior cidade da província com o mesmo nome. Localizada no oeste do país, a 1060Km de Buenos Aires (1:30h de voo), nas bordas dos Andes, é um importante pólo de produção de vinho e azeite.
A base da cidade atual surgiu de um ordenamento realizado em 1863 pelo agrimensor francês Ballofet e que inclui a disposição estratégica de várias praças. A atividade econômica está fortemente vinculada à indústria de elaboração de vinhos, alimentos, e outras bebidas e, também, com o refinamento de petróleo.
É uma cidade bem desenvolvida, com excelente infra-estrutura, mas com clima muito seco (árido continental) e onde faz bastante calor no verão e bastante frio no inverno. De fato, em Mendoza as estações do ano são muito bem demarcadas.
As ruas são muito arborizadas e segundo reza a lenda, todas as árvores foram plantadas pelo homem pois, como a cidade está localizada no meio de um deserto não havia nenhuma vegetação de grande porte. Isso me pareceu bem plausível pois fora dos limites da Grande Mendoza, não existe nada a não ser terra seca e pequenos arbustos.
Em todas as calçadas há um sistema de canais que permite a irrigação das árvores. Sob o ponto de vista de um brasileiro, esses canais se parecem com valas, mas trata-se de uma evolução de um sistema extremamente eficiente desenvolvido pelos Incas que coleta e distribui por gravidade a água da chuva e de pequenos riachos para toda a cidade.
Por falar nisso, chuva é algo muito raro em Mendoza e existe legislação específica e rígida para cuidar da água. Por exemplo, só é permitido regar jardim ou lavar carro entre 22:00h e 06:00h e existe um incentivo para que o próprio cidadão denuncie o descumprimento da legislação por outras pessoas. Bares, restaurantes, hotéis, industrias e até fazendas e vinícolas tem que possuir licença de uso da água e seu consumo é controlado permanentemente.
Apesar disso, todas as praças possuem fontes que funcionam o dia todo. A água fica circulando o tempo todo nessas fontes para reduzir ao máximo o consumo e o objetivo é melhorar a qualidade do ar aumentando a umidade.
A cidade possui um bom aeroporto internacional. Não é muito grande mas atende a todos os requisitos exigidos. O trânsito é um pouco confuso pois existem muitos veículos e não há muitos semáforos nos cruzamentos. Fiquei com a impressão de que dirigir em Mendoza é uma grande aventura pois você nunca sabe de quem é a preferência e os carros simplesmente vão passando pelos cruzamentos. O interessante é que durante minha estadia não presenciei ou tive notícia de nenhum acidente.
Mendoza é a maior produtora de vinhos da Argentina, responsável por 75% da produção do país. Na segunda quinzena de janeiro começa acontece a Festa Nacional da Colheita que é a maior festa popular mendocina. Durantes quase 3 meses tudo vibra e se decora, coroando o fim de um ano de trabalho nos vinhedos, com o Ato Central no primeiro sábado de março à noite no teatro grego Teatro Frank Romero Day.
As opções de lazer estão relacionadas a esqui, esportes de aventura, visitas a vinículas, além do Casino. Há as estações de esqui distante 2 horas de carro da cidade. No verão, se pode fazer trekking, mountain bike, cavalgadas, passeios pelo deserto em veículos 4x4, rafting, exploração de cavernas, asa delta e pára-pente e a primavera reserva espaço para passeios às vinículas e degustação de vinhos.
Há anos existe um projeto para construção de um túnel dentro das cordilheiras ligando Mendoza a Santiago do Chile nos mesmos moldes do TGV europeu. Hoje 87% de todo o comércio entre Chile/Argentina/Brasil é feito por navio e ocorrem muitos acidentes na travessia de carro ou caminhão pelas montanhas. O túnel resolveria todos esses problemas, barateando os custos de transporte e permitindo o aumento do comércio principalmente entre Mendoza e Santiago.
O problema é que, por questões políticas entre Argentina e Chile o projeto nunca sai do papel. Até o apoio que o Chile deu à Inglaterra durante a guerra das Malvinas serve como impecilho para o início das obras.
Bem, independente disso, Mendoza é um bom lugar para se conhecer e recomendo fortemente a estadia de pelo menos uma semana para permitir a visita às diversas vinículas.
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A base da cidade atual surgiu de um ordenamento realizado em 1863 pelo agrimensor francês Ballofet e que inclui a disposição estratégica de várias praças. A atividade econômica está fortemente vinculada à indústria de elaboração de vinhos, alimentos, e outras bebidas e, também, com o refinamento de petróleo.
É uma cidade bem desenvolvida, com excelente infra-estrutura, mas com clima muito seco (árido continental) e onde faz bastante calor no verão e bastante frio no inverno. De fato, em Mendoza as estações do ano são muito bem demarcadas.
As ruas são muito arborizadas e segundo reza a lenda, todas as árvores foram plantadas pelo homem pois, como a cidade está localizada no meio de um deserto não havia nenhuma vegetação de grande porte. Isso me pareceu bem plausível pois fora dos limites da Grande Mendoza, não existe nada a não ser terra seca e pequenos arbustos.
Em todas as calçadas há um sistema de canais que permite a irrigação das árvores. Sob o ponto de vista de um brasileiro, esses canais se parecem com valas, mas trata-se de uma evolução de um sistema extremamente eficiente desenvolvido pelos Incas que coleta e distribui por gravidade a água da chuva e de pequenos riachos para toda a cidade.
Por falar nisso, chuva é algo muito raro em Mendoza e existe legislação específica e rígida para cuidar da água. Por exemplo, só é permitido regar jardim ou lavar carro entre 22:00h e 06:00h e existe um incentivo para que o próprio cidadão denuncie o descumprimento da legislação por outras pessoas. Bares, restaurantes, hotéis, industrias e até fazendas e vinícolas tem que possuir licença de uso da água e seu consumo é controlado permanentemente.
Apesar disso, todas as praças possuem fontes que funcionam o dia todo. A água fica circulando o tempo todo nessas fontes para reduzir ao máximo o consumo e o objetivo é melhorar a qualidade do ar aumentando a umidade.
A cidade possui um bom aeroporto internacional. Não é muito grande mas atende a todos os requisitos exigidos. O trânsito é um pouco confuso pois existem muitos veículos e não há muitos semáforos nos cruzamentos. Fiquei com a impressão de que dirigir em Mendoza é uma grande aventura pois você nunca sabe de quem é a preferência e os carros simplesmente vão passando pelos cruzamentos. O interessante é que durante minha estadia não presenciei ou tive notícia de nenhum acidente.
Mendoza é a maior produtora de vinhos da Argentina, responsável por 75% da produção do país. Na segunda quinzena de janeiro começa acontece a Festa Nacional da Colheita que é a maior festa popular mendocina. Durantes quase 3 meses tudo vibra e se decora, coroando o fim de um ano de trabalho nos vinhedos, com o Ato Central no primeiro sábado de março à noite no teatro grego Teatro Frank Romero Day.
As opções de lazer estão relacionadas a esqui, esportes de aventura, visitas a vinículas, além do Casino. Há as estações de esqui distante 2 horas de carro da cidade. No verão, se pode fazer trekking, mountain bike, cavalgadas, passeios pelo deserto em veículos 4x4, rafting, exploração de cavernas, asa delta e pára-pente e a primavera reserva espaço para passeios às vinículas e degustação de vinhos.
Há anos existe um projeto para construção de um túnel dentro das cordilheiras ligando Mendoza a Santiago do Chile nos mesmos moldes do TGV europeu. Hoje 87% de todo o comércio entre Chile/Argentina/Brasil é feito por navio e ocorrem muitos acidentes na travessia de carro ou caminhão pelas montanhas. O túnel resolveria todos esses problemas, barateando os custos de transporte e permitindo o aumento do comércio principalmente entre Mendoza e Santiago.
Projeto dos túneis entre Mendoza e Santiago
O problema é que, por questões políticas entre Argentina e Chile o projeto nunca sai do papel. Até o apoio que o Chile deu à Inglaterra durante a guerra das Malvinas serve como impecilho para o início das obras.
Bem, independente disso, Mendoza é um bom lugar para se conhecer e recomendo fortemente a estadia de pelo menos uma semana para permitir a visita às diversas vinículas.
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