domingo, 6 de janeiro de 2013

Sozinho...

Depois de 596 dias ou 1 ano, 7 meses e 17 dias, minha família deixou a Argentina e voltou em definitivo para o Brasil.

A aventura que vivemos nestes dias foi realmente gratificante e todos crescemos muito. Nem tudo foram flores ou facilidades. Houve momentos em que era muito mais simples desistir. Mas consegui manter minha família unida nestes 596 dias.

Só que há coisas que extrapolam a nossa vontade e nesses momentos, quase nunca as decisões mais corretas são as mais fáceis. Pois bem, mesmo com todas as dificuldades da adaptação cultural, com os problemas causados pelo modelo educacional adotado nas escola e a imensa saudade dos amigos e da família, a decisão de enviá-las de volta foi muito, muito complicada e difícil.

Mas não havia muitas opções. A Argentina está passando por um momento político e econômico muito estranho: a cada dia o governo toma mais e mais decisões que alimentam a instabilidade interna e a desconfiança internacional; a taxa de inflação prevista para 2013 já beira os 35% e cresce o risco de hiper-inflação; houve aumento da violência urbana com roubos e saques frequentes; algumas escolas públicas e particulares começaram a punir alunos que expressam opiniões contra o governo; grandes empresas, principalmente as multinacionais, estão encerrando atividades e indo embora do país (você consegue imaginar que Yakult fechou as portas de pois de quase 15 anos porque não conseguia importar maquinário e matéria prima?!). - http://veja.abril.com.br/noticia/economia/yakult-encerra-operacao-na-argentina

Com tanta incerteza sobre o que vai realmente acontecer com o país nos próximos 2 anos, resolvemos que a melhor decisão era regressar a um porto seguro. E assim foi feito. Minhas filhas continuarão os estudos no Brasil e minha esposa poderá continuar com a faculdade e voltar a trabalhar. Independente do que aconteça na Argentina, para elas haverá estabilidade, consistência.

Quanto a mim, vim para ajudar a implementar um projeto e pretendo cumprir minha missão. Meu contrato de trabalho dura até junho, mas pode ser renovado por mais 1 ano, desde que o projeto siga em frente.

Estar longe não é agradável. Nos últimos 7 anos, já estivemos separados algumas vezes, sempre por força do trabalho, mas nunca nos acostumamos a esta situação. Agora será mais uma dessas experiências.

Bem, enquanto as coisas não se ajeitam de melhor forma, é assim que será. 

Um grande 2013 a todos !!!