sábado, 5 de novembro de 2011

Calor, sol e eleição

Posso dizer que agora Buenos Aires está muito parecida com Vitória, pelo menos no clima. As últimas 3 semanas tem sido bastante agradáveis e a temperatura tem subido a cada dia.


A grande fase das flores da primavera já passou mas o Rosedal continua muito bonito. O tom de verde vivo dominante é reconfortante e a brisa que sopra constantemente torna o ambiente extremamente agradável. Na realidade, parece que todos os dias são dias de férias.


Parque Rosedal

E nestas horas a gente vê o quanto eles valorizam o sol. Nos finais de semana existe sempre uma multidão nas praças e parques aproveitando o máximo do calor e da luz solar. São casais, familias, grupos de jovens sentados na grama, fazendo pic-nic ou simplesmente tomando sol de biquini em cadeiras de praia.

Cena comum na hora do almoço

Os dias também estão muito maiores. Às 6 da manhã já temos luz e esta permanece até às 19:30h. E olha que aqui não foi adotado o horário de verão este ano.

Puerto Madero

Com mais calor e mais luz, as pessoas também ficam mais leves. O tradicional mau humor dos argentinos praticamente desapareceu. Nesses dias todos ficam mais alegres, mais sorridentes, mais bem dispostos. É muito interessante acompanhar como o clima influencia na vida das pessoas.

Passamos pelas eleições presidenciais e, como esperado, Cristina Kirshner foi reeleita para mais 4 anos de mandato. A classe média perdeu mais uma vez porque o governo aqui é extremamente assistencialista, tem mais "bolsas" de ajuda que no Brasil e cobra mais impostos de quem trabalha e recebe salário. O desnível social é muito grande, com pobres muito pobres e ricos muito ricos. A grande diferença com o Brasil é que os pobre tem ajuda para tudo, até para continuar sem ter que trabalhar.

E foi por isso que Cristina ganhou a eleição com 54% dos votas contra 16% do segundo colocado. Um outro fato que ajudou muito é que a oposição aqui passa a clara impressão de didatura. Não há um meio termo.

Como o governo manipula os números oficiais e a inflação não pára de crescer, boa parte da população compra dolares para guardar ou manda dinheiro para fora do país. Na busca por uma solução o governo adotou 2 medidas completamente equivocadas e pelas quais nós brasileiros já passamos com amargor: 1) Reserve de mercado e proibição de importação, visando incentivar a indústria local; 2) Bloqueio de compra de dolares e controle rígido da movimentação do dinheiro do contribuinte. Isso é crítico num país com pouca confiabilidade economica e onde as pessoas fazem poupança em dólar.

No primeiro caso, o bloqueio por si não gera nenhum efeito positivo e ainda deixa o país fora da cadeia de desenvolvimento científico e tecnológico. Já faltam itens como telefone celular, notebooks, TV e peças de reposição de máquinas industriais. No caso do bloqueio de dinheiro, os próprios argentinos já estão chamando de segundo "corralito". Agora é esperar para ver onde vai dar isso.



.