quinta-feira, 16 de junho de 2011

Bancos, Cartões e Dinheiro

Hoje tive minha primeira experiência como correntista numa agência bancária.

Imagine você, aí no Brasil, no seu horário de almoço, sem o cartão do banco, tendo que sacar algum dinheiro e já se imaginando no pesadelo que é a fila dos caixas.
Pois é, aqui foi mais ou menos a mesma coisa, com a significativa diferença que, apesar de haverem 7 caixas disponíveis, a fila simplesmente não andava.

Uma das principais razões é que os argentinos nunca perdem uma oportunidade de "bater um papo". Eles gastam 20% do tempo trocando cheques, sacando dinheiro, pagando contas e 80% conversando sobre clima, filhos, familia, cachorro e por aí vai.


Além disso, o tempo se arrasta na fila pois é probido o uso de qualquer equipamento eletrônico dentro do banco. Isso mesmo, não é permitido celular, Ipad, Iphone, PSP, rádio, nada. Para ajudar o tempo a passar, você tem que usar os velhos métodos - livros e revistas.

Mas existem coisas positivas. Não há portas com detectores de metal, os seguranças são altamente educados e não usam armas e há sempre um atendente para tirar todas as dúvidas.

Agora, se você não é correntista, esquece. Troca de moedas estrangeiras só nas casas de câmbio e saque só com cartão de crédito em caixas específicos.

Por falar nisso, cartões de crédito é uma questão muito interessante aqui na Argentina. Na maioria dos supermercados, se você pagar com cartão de crédito, tem desconto de até 20%. Se pagar em dinheiro, não. Coisa de argentino. Ninguém entende, acho que nem mesmo eles.


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Pouco antes do inverno...

Gente, até que está fazendo calor esses dias. Me disseram que é o último sopro antes do inverno.

Segue um gráfico com medições feitas entre 11/06 e 16/06.




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terça-feira, 14 de junho de 2011

Praças no Facebook

É impressionante a quantidade de praças que existem em Buenos Aires. Aqui é possível passar dias e dias somente visitando praças. De Puerto Madero ao final de Palermo são aproximadamente 7km e eu pude contar 12 praças e largos ao longo de Av. Del Libertador. Se você olhar no Google um mapa da cidade vai entender o que eu estou falando.

Também impressiona o estado geral de conservação. Árvores, gramados, estátuas, construções e monumentos estão sempre em perfeito estado. É como se nos chamassem a conhecê-los, pela beleza e imponência.

Claro que existem regiões menos favorecidas dessas áreas comuns de lazer e descanso, mas de um modo geral, a cidade é muito bem arborizada e sempre há, aqui ou ali, um monumento ou uma "plazoleta" que são pequenas praças ou jardins.

Seguem alguns exemplos:

http://www.facebook.com/Plazagrandbourg
http://www.facebook.com/Plazachile
http://www.facebook.com/Plazarubendario
http://www.facebook.com/Plazabartolememitre
http://www.facebook.com/Plazauruguay
http://www.facebook.com/Plazaevita



No final do Outono, a maioria das árvores existentes nas ruas dos bairros perdem as folhas, deixando a cidade com um ar de desolação. Isso associado ao clima frio e dias cinzentos, completa um quadro de desamparo. Para quem vem de regiões quentes do Brasil, isso é estranho e opressor, quase feio.

Mas quando você começa a observar que é um ciclo natural e entender a forma natural com que os argentinos lidam com essa mudança, vê que, mesmo sendo diferente, essas transformações são muito instrutivas.

Estou só esperando para ver o que nos reserva a primavera.


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sábado, 11 de junho de 2011

Vai um cineminha hoje ?

Já na primeira semana que estávamos aqui, decidimos ir ao cinema para assistir Piratas do Caribe, ou melhor, "Piratas del Caribe".

Foi uma experiência muito gratificante e divertida. Primeiro porque o filme era falado em inglês e legendado em espanhol, ou seja, tivemos que fazer dupla tradução instantânea (rsrs). Depois pelo comportamento dos argentinos durante o filme. Eles participam mesmo do que está ocorrendo na tela. Durante o filme tivemos uma série de "ooohhh!", "uauu!", "iihhh" da platéia.
Outro ponto foi a qualidade do cinema. Não sei ainda se é um padrão em BA mas seguem alguns detalhes que nos surprenderam: 1) compra o ingresso com cadeira numerada. Você escolhe em qual lado do corredor central e qual fila quer se sentar. O vendedor então lhe apresenta um mapa de assentos disponíveis; 2) quando entra no cinema, você é recepcionado por "lanterninhas" que te guiam até sem lugar; 3) as cadeiras são de couro e reclináveis. Resumindo: nos sentimos os reis da cocada preta.

Mesmo com todo esse luxo, o custo de cada ingresso não é maior que no Brasil (AR$ 32,00/R$ 14,00).

Neste final de semana vamos de novo, agora para assistir X-Men First Class ou "Hombres-X Primera Generación" (rsrsrs).


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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Custo de Vida

Gostaria de encontrar com a pessoa que espalhou a lenda de que o custo de vida em Buenos Aires é menor que São Paulo ou Vitória.

Primeiro: vamos separar conceitualmente Turismo e Residência.

Quando você está a passeio em qualquer lugar, a idéia básica é aproveitar, experimentar, tentar, usufruir, curtir. Nesse contexto, não se faz uma análise muito criteriosa do que se está comprando e mesmo aqui que seria considerado improvável é adquirido ou consumido.

Quando se está morando no lugar, o foco é outro. Você tem um orçamento que deve ser administrado de forma a suprir todas as necessidades básicas, algumas regalias e para as poupanças.

Por que eu queria encontrar a pessoa que espalhou a lenda do custo de vida baixo em Buenos Aires ? Porque em nenhuma das duas situações (turismo ou residência) a cidade é mais barata que São Paulo ou Vitória!

Pagar AR$ 48,00 (R$ 24,00) por um bife com um nome bonito - "Ojo de Bife" - e ainda achar que está fazendo vantagem é loucura! Com o mesmo dinheiro você compra 1Kg de carne de primeira no Brasil.

Antes mesmo de me mudar definitivamente, comecei a fazer um levantamento de preços nos supermercados, bares, cafés e farmácias e as coisas do dia-a-dia custam 10% mais que no Brasil, em média.

Claro que existem coisas muito baratas e, se não fosse assim, não haveria hoje essa enxurrada de brasileiros visitando a cidade. Roupas e calçados de couro, roupas de frio e carros são alguns dos produtos que estão realmente em conta, mas quantas vezes por mes você compra esses itens ? E mesmo para quem está a passeio, é preciso avaliar se o produto está realmente mais barato que no Brasil pois a conversão de moedas muitas vezes confunde as pessoas.

Independente disso, vale a pena fazer turismo em Buenos Aires e já posso afirmar que as melhores épocas seriam o Outono e Primavera.


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Adaptações necessárias

Acho que o mais complicado para todos nós neste momento não seja nem o frio, nem o idioma, nem as diferenças culturais. Talvez o maior desafio seja o fato do sol aparecer muito tarde e se por muito cedo encurtando em demasia o "dia".

Em Vitória, mesmo no inverno, já temos luz às 6:30h e ainda há certa claridade às 18:00h.Aqui em Buenos Aires, ainda não entramos oficialmente no inverno e o sol só aparece às 08:00h e já está anoitecendo às 17:30h.

Pode não parecer, mas nosso organismo se acostuma a receber mais luz e, mesmo quando temos que sair da cama cedo, a luz natural contribui muito para que estejamos acordados e dispostos. Aqui, teóricamente dormimos mais pois acordamos mais tarde que no Brasil (as aulas começam mais tarde) e mesmo assim ficamos sempre muito cansados.

A sexta-feira então tem sido o dia mais difícil e no sábado sempre dormimos até quase 11 da manhã.

Vai ser um inverno e tanto....

domingo, 5 de junho de 2011

Fumantes....arrghhh!

Quando se caminha pelos bairros mais tradicionais, a impressão que se tem é que ainda estamos nos anos 80, com muitas pessoas fumando pelas ruas e nos cafés. Quase posso afirmar que, aqui, fumar é moda pois é muito comum encontrar motoristas de taxi fumando dentro dos carros nos intervalos das viagens e manicures fumando nos salões.

Não existe lei nacional de regulamentação do fumo e menos da metade das províncias do país tem uma legislação própria. Por sorte, Buenos Aires é uma dessas províncias e aqui é proibido fumar em locais fechados, hospitais, escolas e repartições públicas. Mas isso não vai evitar que você pegue um ônibus ou taxi com cheiro de fumaça.

Talvez por causa de não haver uma lei federal, a Argentina ocupa o primeiro lugar nas Américas quando o assunto é consumo de cigarros. Segundo estastíticas locais, eles fumam em média pouco mais de 1.000 cigarros por mês por habitante. São quase 3 maços por dia por habitante! No Brasil, o consumo médio mensal é de 465 cigarros/hab.

Diferentemente do Brasil, não há campanhas publicitárias muito fortes contra o fumo, mas também nunca vi nenhum anúncio de cigarro na TV. Acho que eles terão que esperar mais uma ou duas gerações para abolir esse mal da sociedade.

Enquanto isso, eu vou aguentando os encontros fortuitos com fumantes de carteirinha, fedorentos e fumacentos.


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Comida e Restaurantes

A comida na Argentina é diferente do que você provavelmente está acostumado no Brasil. Primeiro, é menos temperada e, mesmo os pratos salgados, tem um leve gosto adocicado e há um apelo forte para o consumo de coisas doces, principalmente no café da manhã. Segundo, não é comum nos restaurantes a grande variedade de pratos que se vê no Brasil.  Se você não fica sem aquele pãozinho francês vai ser difícil sobreviver aqui.

De um modo geral, os restaurantes são "a la carte" e possuem poucas opções de alimentos. Encontrar algum que tenha carnes, massas, saladas e sopas e ainda o famoso arroz com feijão então, pode esquecer. Até agora não consegui encontrar nenhum self-service, e olha que estamos procurando muito na internet e rodando pelas ruas.

Todo mundo fala muito bem dos pratos de carne e "Oro de Bife" e "Bife de Choriso" estão no topo da lista de qualquer brasileiro que venha a BA. Pessoalmente, acho que um bom churrasco caseiro é melhor. Claro que esses pratos tem seu charme e seu glamour, mas a carne não tem um tempero marcante e, em muitos casos, ou está crua ou está tostada. Além disso, um Ojo de Bife só tem um bife (grande para os padrões brasileiros) e batata (normalmente purê). Se você quiser algo mais (arroz, salada, etc) tem que pagar à parte.

Até agora, a melhor carne tipicamente argentina que comi foi um "Asado de Tira". Trata-se de duas tiras de costela de boi com 6 cm de largura e 30cm de comprimento cada uma e deve ser servida ao ponto. É realmente muito bom e foi a recomendação de um grande amigo aí do Brasil, o Zeppe. E o melhor é que custa menos que outros pratos da moda.

Em Puerto Madero há o restaurante "Siga La Vaca" que oferece opções mais parecidas com o costume brasileiro: buffet de salada e frios, refrigerante, água, garrafa de vinho e parrilla (ou churrasco) completa. É muito parecido com o nosso rodízio. Tudo a preço fixo de AR$ 95,00 por pessoa ou R$ 40,00 no câmbio de hoje. Recomendo.

Há alguns dias descobrimos um restaurante tipicamente brasileiro. É o "Me leva Brasil" (vide foto) que fica em Palermo Soho. Lá você encontra feijão tropeiro, bife gaucho com farofa e couve refogada, moqueca, estrogonofe de frango, arrumadinho, guaraná Antarctica, cerveja Skol e o mais raro aqui, Fanta Uva. O restaurante foge do tradicional argentino e se parece mais com um botacão mineiro. A comida é farta e boa e os preços estão dentro da média.



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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Que dia frio !

Brrrrrr...... O dia hoje foi o mais frio desde que chegamos. O dia já amanheceu com um vento cortante e o céu de brigadeiro contribuiu para um dia muito frio. Mesmo na hora do almoço, com aquele sol rachando, estava muito desconfortável ficar na rua. A temperatura máxima durante o dia foi de 12 graus, mas com o vento, a sensação térmica era de 7 graus.

E a previsão é que o frio só aumente daqui para frente. Vamos ver no que vai dar.

Seguem algumas fotos de Puerto Madero.





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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Aeroportos e Taxis

Buenos Aires tem três aeroportos e 2 atendem a voos internacionais: Aeroporto Internacional Ministro Pistarini e Aeroporto Jorge Newbery, ambos mais conhecidos como Ezeiza e Aeroparque, respectivamente.

Ambos fazem a conexão com o Brasil e o Aeroparque é consideravelmente mais próximo do centro da cidade. Uma corrida de taxi até Puerto Madero custa em média 180 pesos saindo do Ezeiza e 70 pesos saindo do Aeroparque.

A diferença de infra-estrutura entre os dois aeroportos é enorme e, se me permitem o conselho, escolham o Ezeiza. Apesar da corrida de taxi ser mais salgada, a oferta é maior e melhor, a estrutura interna do aeroporto é boa (não chega a ser uma Brastemp) e o serviço de imigração é mais rápido e amistoso.

Taxi é um assunto complicado em Buenos Aires. Mesmo com valores razoavelmente atraentes, preços tabelados se pagos dentro dos aeroportos, uso de taximetro pela grande maioria dos incontáveis taxis que rodam pela cidade, você tem que ficar muito atento para evitar aborrecimentos.

O primeiro deles é dinheiro falso. Não é lenda, não! Todos com quem conversei antes e depois de estar aqui, incluindo gerentes de banco e operadores de casas de câmbio são unânimes: existe uma grande quantidade de dinheiro falso circulando pela cidade e a maioria está nas mãos dos taxistas. Pagar taxi com nota de 100 pesos, só se sua corrida ficar acima de 80 pesos e mesmo assim você tem que ficar atento para o motorista não sumir com sua nota e apresentar uma de 10 dizendo que você deu a ele uma nota menor "por engano".

Outra coisa muito importante é o tipo de taxi. Aparentemente todos são iguais ( pintados de preto com o teto amarelo) mas há determinadas companhias e motoristas que não prezam muito pela manutenção, conservação e limpeza do veículo. Como em Buenos Aires, fumar é algo que ainda está na moda, você corre o sério risco de pegar um taxi todo sujo e cheirando a "inhaca". Opte por veículos mais novos, maiores e que tenham uma etiqueta de TICKET no pára-brisa do lado do passageiro. Normalmente eles são mais confortáveis, agradáveis e limpos.

Em Buenos Aires não há pontos de taxi. Eles simplesmente ficam circulando pela cidade o tempo todo. Assim, normalmente o motorista não vai reclamar se você fizer uma corrida de poucos quarteirões.

Esse assunto é muito batido na internet e sei que todos já devem ter lido ou ouvido algo a respeito, assim não vou ficar aqui martelando em ferro frio. Mas fica novamente o recado - taxi é bom, fácil, barato mas tem que ser bem escolhido.

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Startup

No dia 21/05/2011, cheguei em Buenos Aires com toda minha familia com a proposta de viver aqui por 2 anos. Somos 4 pessoas e, na média, temos um nível 2 de conhecimento de espanhol numa escala que vai até 10.

Já deu para imaginar quão anciosos estávamos. Mesmo com a experiência que eu tinha de viagens internacionais, agora a realidade era outra - eu não ia ficar só 15 dias, estava acompanhado de familia e uma grande quantidade de malas e não tinha mais casa no Brasil.

Bem, o jeito foi respirar fundo, assumir uma postura de controle da situação e seguir em frente...

A idéia desse blog é mostrar de forma descontraída nossos sufocos, descobertas e desafios, sem perder o foco na utilidade prática.

Não sei quanto tempo vai durar essa "onda", mas assumi como meta fazer pelo menos 1 post por semana e acho que haverá muito a apresentar ao longo dos 2 anos que pretendemos permanecer aqui.

Este é o início do "Conexão Argentina", um blog de brasileiros feito para brasileiros, na maioria não tão loucos quanto eu...

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