terça-feira, 15 de maio de 2012

Pontos a analisar antes de mudar de país - Finanças


Faz um ano que me mudei para a Argentina. Posso dizer a todos que a oportunidade de trabalhar fora do Brasil (expatriado) é algo realmente desafiador, emocionante e que agrega muito a sua pessoal e profissional. 


Mas durante este ano percebi que nem tudo eram flores e mesmos as pedras que eu já imaginava encontrar pelo caminho eram, na realidade, muito maiores e pesadas.


O que tem nos dado um pouco de preocupação é exatamente algo que no Brasil a gente já nem pensa tanto: inflação.
Perspectiva de inflação real para 2012

Apesar das estatísticas oficiais do governo argentino indicarem índices de inflação em torno de 12% a.a., o valor real gira em 35% a.a.(http://www.inflacionverdadera.com), o cambio em relação ao dolar é mantido congelado artificialmente e o governo federal já não tem mais reservas para bancar a farra dos subsídios nos serviços básicos (água, energia, gás e transporte). 


Juntando mais lenha nesse cenário caótico, o governo também decretou reserva de mercado e restrição de importações sob a alegação da proteção e fortalecimento da indústria nacional. 


Quem tem mais de 35 anos lembra muito bem que já vivemos isso no Brasil e quais foram as consequências para nossa economia e nossas vidas. Hoje na Argentina já há falta de celulares, computadores, ferramentas, auto-peças, eletrodomésticos e até leite condensado.


Pois bem, para quem é expatriado nada disso (a não ser a perspectiva de uma hiper-inflação) seria um grande problema se os salários fossem reajustados na mesma proporção ou frequência dos salários dos "nativos". Mas o que normalmente acontece é que os salários são reajustados de acordo com a variação do cambio entre o Real e a moeda local e, no caso da Argentina, não existe variação há 2 anos.


Ou seja, o salário de 1 ano atrás que não foi reajustado nesse período tem hoje entre 35% e 40% menos poder de compra.


Some a tudo isso o fato de que o custo de vida em Buenos Aires há um ano já era 15% em média mais alto que o de cidades como São Paulo e Rio e você terá um cenário financeiro no mínimo interessante.


Bem, a ideia é esta: demonstrar que é necessário ter cuidado redobrado antes de aceitar qualquer proposta de trabalho no exterior. Avalie bem os termos e as vantagens oferecidas pela empresa mas busque também informação detalhada sobre a situação político-financeira do país de destino.


Mesmo as boas oportunidades de hoje podem não ser tão atrativas financeiramente daqui a um ano e aí você tem que estar ciente e seguro de que não mudará toda sua vida e de sua familia somente pelo retorno financeiro.