terça-feira, 26 de março de 2013

400 anos de história em uma casa


Olhando da rua Defensa, é impossível imaginar que neste casarão de 1830 haja resquícios dos primórdios da cidade de Buenos Aires.
Vista geral do complexo do museu

Fachada do prédio

Em 1536, o incipiente núcleo urbano de Buenos Aires, que havia sido fundado pelo espanhol Pedro de Mendoza, sucumbiu diante de um incêndio provocado pelos índios querandíes - os originais moradores da área. 

O que restou daquela antiga cidade que estava nascendo ficou sepultado sob o novo núcleo urbano fundado pelo espanhol Juan de Garay, em 1580. 

O casarão que se vê hoje foi construído para uma rica família espanhola de comerciantes de couro, no século XIX mas foi abandonado com o advento da febre amarela, no sul da cidade.

Mais tarde, o edifício tornou-se um cortiço com dezenas de famílias pobres amontoadas. Anos mais tarde, o edifício caiu em desuso e permaneceu fechado até que foi comprado pelos atuais donos que iniciaram um trabalho de limpeza do terreno para construir um restaurante. Foi neste momento, que se descobriu que era um lugar com uma história importante.

Em 1985 foi descoberto de forma acidental "El Zanjón de Granados" debaixo do casarão e, depois de mais de 20 anos de trabalho incessante, resultou na obra de arqueologia urbana mais importante da cidade e uma referência mundial de recuperação histórica.

Durante as obras de recuperação foram retiradas mais de mil toneladas de entulho - restos de cimento, muros, pisos, alicerces e poços construídos e destruídos entre 1730 e 1865.

O complexo do museu está localizado na última quadra da zona sul da cidade fundada por Juan de Garay. Esta não era a última quadra por casualidade senão porque estava no limite de um córrego, um dos três que levavam as águas da parte alta da cidade até o Rio da Prata, que nesta época estava a somente 150 m (hoje está a 2km).

Esses córregos se chamavam os Terceiros e este em particular, o Terceiro do Sul, era conhecido neste trecho como "El Zanjón de Granados".

Alguns dos atrativos do museu são as paredes de tijolo originais, os túneis subterrâneos que conectavam as casas, um sistema de captação de água da chuva com capacidade para 30 mil litros, cacos de cerâmica inglesa, frascos de vidro e cachimbos usados pelos escravos e todo tipo de material deixado no meio do entulho desde 1730.
 
 
 
 

Vale a pena dedicar um pouco de tempo para visitar o local. Há visitas guiadas em espanhol e inglés.

Se você for a Buenos Aires e quiser fazer um passeio diferente, não deixe de visitar o El Zanjón de Granados. Eu tenho certeza que vai se surpreender com a história do local. 

Muito legal!!


Localização: Defensa, 755 - San Telmo
Custo da visita: ARS 60,00 (turistas)  /  AR$ 45,00 (moradores)
Horários:
Segunda a Sexta - de 11:00 a 15:00 h. (Visitas guiadas cada hora).
Domingos - de 13:00 a 18:00 h (Visitas guiadas cada 20 minutos). 


Site de referência: http://www.elzanjon.com.ar/
Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=7jsDXIi5e0k



domingo, 10 de março de 2013

Nova Linha A do metrô


Em 19 de fevereiro de 2012, publiquei um post sobre a linha A do metrô de Buenos Aires - "Linha A - A história viva".

http://conexaoargentina.blogspot.com.ar/2012/02/linha-historia-viva.html

Naquele post eu ressalto a influência histórica que teve essa linha do metrô, a primeira a ser inaugurada há 99 anos, no desenvolvimento da cidade e mostro como foi a emoção de andar nos antigos, porém bem conservados, vagões de madeira.

Pois bem, esses vagões não existem mais. Foram substituídos por moderníssimos vagões chineses. Também algumas estações que ainda preservavam um pouco do conceito original foram ajustadas e adaptadas ao novo modelo proposto. A linha A agora é a super moderna linha de metrô.
Quero deixar bem claro que não sou contra a modernização. Ela é necessária, em especial nestes casos em que as novas demandas de transporte, segurança e praticidade decorrentes do crescimento da cidade são vitais. 

Buenos Aires cresceu, não é mais aquela cidade de 99 anos atrás e não poderia ser. E o transporte público de massa tem que acompanhar esse crescimento.

O que me deixa triste é que uma parte importante da história se foi. Não só do metrô, mas de todas as pessoas que utilizam a linha A. 

Ainda não foi definido o que será feito com os antigos vagões. Alguns devem ir ao Museu Ferroviário, mas é certo que a grande maioria deles deve simplesmente virar sucata. 

A modernização e adaptação a novos padrões de uso é necessária e bem vinda, mas a perda da memória histórica não é aceitável.

Para quem não teve a oportunidade de andar nesses vagões, ficarão as fotos, os filmes, os documentos e os relatos. E claro, um dos motivos para conhecer Buenos Aires, deixou de existir.

Como era:
Como ficou: