A rotina durante o dia foi meio monótona, mas como o evento aconteceu numa vinícula (aqui chamada de bodega), no final da tarde tivemos a oportunidade de fazer um tour pelas instalações acompanhados de um guia que foi explicando todo o processo de produção do vinho, desde a escolha das uvas (ou cepas) até os cuidados com a distribuição final, visando claro garantir a qualidade do produto.
A vinícola Salentein produz vinhos de alta gama e cortes tradicionais para atender desde os paladares mais requintados até o consumidor comum. Fica aos pés da Cordilheira dos Andes e possui mais de 23Km2 de terras planas totalmente utilizadas para videiras.
Vista da bodega Salentein com a Cordilheira ao fundo
Videiras da área central da bodega
Pátio de entrada
Durante a visita aprendemos que junto com as linhas de videiras são plantadas rosas escarlate porque esta última é muito mais sensível à perda de nutrientes do solo, assim servem para antecipar qualquer problema e evitar que as uvas sejam impactadas.
A produção de vinho é totalmente automatizada e a estrutura da vinícola é construída de forma que se possa transportar o precioso líquido entre as diferentes fases do processo simplesmente utilizando a gravidade. Assim evita-se que o vinho sofra interferências não desejadas de contaminantes externos e até mesmo de vibrações e ruído. A vinícola tem 5 andares abaixo do solo.
O estágio final de armazenamento acontece em barricas de carvalho que ficam armazenados num grande salão onde há um piano. Neste local, a empresa promove noites musicais para convidados especiais onde são apresentadas peças de Mozart, Chopin, Betoven e, acreditem, Vila Lobos e Antonio Carlos Jobim! Segundo a guia que nos acompanhava, as músicas são minuciosamente escolhidas para não perturbar a harmonia dos vinhos nos barris.
Depois de conhecer as instalações, fomos convidados a uma degustação onde foram descritas técnicas simples de identificação dos vinhos pela cor, translucidez, aroma, oleosidade e reação degustativa. Esse último processo é feito quando você coloca uma certa quantidade de vinho na boca mas não o bebe. Faz um bocejo e aguarda um pouco até que as papilas gustativas possam reagir aos elementos do vinho e só então você bebe o vinho. Segundo os guias, você consegue perceber os sabores reais e até mesmo identificar percepções como café, chocolate, frutas cítricas, amendoa, etc. Essa parte me lembrou um pouco o filme Ratatoulle onde o ratinho fica descrevendo sabores e sensações, mas confesso que não consegui chegar tão longe nessa análise. Vou ter que evoluir muito...rsrsrsrs.
Garrafas em período de descanso aguardando a distribuição final
De qualquer forma, valeu muito a pena conhecer um pouco mais desse universo que é a produção de vinhos na Argentina. Só a província de Mendoza responde por 75% de toda a produção de vinhos da Argentina e os caras são extremamente especializados e levam o assunto muito a sério.
Estou programando agora uma visita de fim de semana a uma vinícula durante o verão - fevereiro ou março. Prometo contar todos os detalhes para que vocês tenham material para também agendar uma visita num período de férias.
Depois desse evento tive que viajar ao Brasil e na volta a TAM perdeu a minha mala. Ainda não consigo compreender como mesmo utilizando tantos recursos tecnológicos, eles não conseguem localizar uma simples mala. Tive que esperar 5 dias para que eles me devolvessem e descobri que a mala tinha ido passear em Paris. Faz todo sentido né: Paris fica mesmo entre São Paulo e Buenos Aires!! Mas isso é assunto para outro post.
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